segunda-feira, 25 de abril de 2011

À RENAJU, onde quer que se encontre,

                   Camaradas insurgentes:

É com grande alegria e em tom de inquietação que escrevemos estas linhas. Estamos com Gadotti quando ele afirma que, para praticar educação popular, é necessário “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser”.  Tais objetivos, na nossa perspectiva, necessitam de dedicação, tesão, amor, diálogo e transgressão ao óbvio, ao comum, ao que nos é dado como acabado ou impossível de mudar.
Por isso, organizar-se para além da individualidade burguesa é necessário. Não acreditamos em ações isoladas, particulares e descontínuas na formação de uma práxis emancipatória. A construção de um mundo radicalmente diferente pressupõe movimentações conjuntas, ainda que não iguais, a fim de garantir a força da pressão das diversas frentes de combate às opressões, sejam aquelas diretamente ligadas ao sistema de produção capitalista, sejam as ditas “transversais”, como as de etnia, gênero e meio-ambiente, com suas ressignificações e potencializações.
No campo da extensão popular em direito, entendemos que a RENAJU cumpre, com suas limitações, o papel de organização nacional das AJUPs. Ocorre, contudo, que as restrições estão demasiadamente manifestas na atual conjuntura.
Por um lado, é papel da Rede difundir e instrumentalizar a criação e a manutenção dos projetos de AJUP. Não faria sentido organizar-se para a estagnação ou diminuição do movimento de prática em educação popular.
Por outro lado, a educação popular não se faz apenas incentivando a existência e fortalecimento dos núcleos localmente, sendo necessário, também, a atuação organizativa conjunta dos projetos que compõem a RENAJU em parceria com os movimentos sociais.
Nenhum dos papéis político-organizativos mencionados tem sido cumprido.
É certo, entretanto, que estamos em um ambiente revolucionário em relação à anestesia, burocracia, tecnicismo, conservadorismo, superficialidade e dogmatismo da educação jurídica em nosso país.
Sem dúvida, estamos em um espaço de resistência e justiça para autonomia. Isso se evidencia em cada gesto, olhar, palavra, mística, troca de experiência e dedicação que os núcleos depositam em nossa construção coletiva.
Nesse sentido, visando a contribuir para a organização da Rede, o SURJA, ao mesmo tempo que coloca suas impressões iniciais, solicita formalmente  a entrada na Rede Nacional de Assessorias Jurídicas Universitárias – RENAJU.

Em Eldorado do Sul, 21 de abril de 2011.


Há-braços libertários insurgentes,
Serviço Universitário de Resistência e Justiça para Autonomia – SURJA.